"Aquela pequena mágoa" que se cria na conclusão de dois seres permite que o coração fique calejado. E assim se perde a inocência de querer voltar a sentir; os pés ficam enterrados no barro da terra e não há nada que nos consiga libertar e transportar para a ingenuidade daquilo que um dia aceitamos como amor. Amar é ser criança, o cérebro tolda-se, o mundo real torna-se colorido, todo o corpo vibra e quando menos esperamos, o dia a dia, o quotidiano transforma-se num parque de diversões. E somos crianças. O algodão doce é o beijo e o sabor dos teus lábios; a montanha russa foi o medo, "foi o não querer mas querer", foi o ter-te e querer-te como vida, foi o não saber se irias ou não rir com uma palavra dita; o carrossel, o teu corpo: uma vez tocado, sentido, queremos voltar uma e outra vez. Desfrutar. Mas a "conclusão" daqueles dois seres permitiu que o coração minguasse, se atarrachasse ao cérebro, quase se fundisse com ele. E o pouco que resta daquele coração serve de cofre depositário dos dias em que foste o meu dia. A amargura instala-se, a raiva (que sentimos de nós próprios) torna-se aliada, coexiste. E de criança passamos a velhos corcundas, pálidos, transfigurados, coxos da alma porque perdemos o órgão vital do querer viver. E dá-se o colapso.
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