Domingo, 22 de Junho de 2008
Vivo por ti. Permaneço em queda na imagem de ti. Fico á tua espera. Agarra-me! Tu nem notas. Deixo-me ir podendo dormir de ti, mas nem tento. E entretanto a madrugada chega… fria e continua no dia que vem caindo. Os dias tornaram-se uma longa queda. O calor ficou nos teus olhos. Não dizes nada. Calas-te. Calo-me, permaneço na ilusão. Falar? Basta-me o meu silencio de ti. Tu não estás. Mas fico á espera. Puxa-me! Permaneces na minha queda… e sorrio… que importa a queda…vejo-te… os meus olhos olham-te… que importa a queda? És a queda, a ilusão, o que me manteve suspenso. Grita! E vou até ti… mas grita! Mata a minha queda. Agarra-me! Volta… peço: lembra-te! De nós. Ampara-me para fora da aflição. Leva-me ao encontro da nossa hora. Nunca mais vem. Que digo? Nada mais sou em ti. Por isso permanece a queda.
Um Beijo minha querida.
música: Modjo - Lady
Domingo, 15 de Junho de 2008
Escrevo-te porquê? Porque olhavas para mim e bastava olhares para mim para que eu estremecesse. Não chega isto?… se mais razões houvessem, e há, seriam porque a tua voz ecoa na minha cabeça rasgando o silêncio racional da minha (c)alma, os teus olhos azuis levam-me a ver-te… não a mulher que os outros viam, mas uma forma de arte na pessoa que me levou para fora de mim e me fez ver aquém das pequenas certezas erradas que até então tinha. Os teus gestos tocavam-me: um beijo na face á saída do autocarro, um pousar da tua mão sobre a minha na pizzaria. Gestos simples que, sinto, já esqueces-te mas que vão continuar a perdurar em mim. Também o som do teu sorriso, eu, todos os dias o vivo na minha eterna saudade por ti… O som do teu sorriso que me comprava a tranquilidade de saber que estavas feliz. Luto para que nada de ti se perca naquilo que apenas é agora o meu tempo. O que foi o nosso tempo extinguiu-se no ultimo gesto que me entregas-te para renascer na solidão da minha lembrança. Os gestos, só eu os recordo e os cultivo numa certeza de que o faço para poder cobrir a solidão da tua partida.
Existe dentro de mim uma fome do que era o teu ser, que me impele a recordar-te e que de forma alguma quero deixar fugir. É uma fome que se tornou parte integrante de cada órgão, de cada célula, da alma, do olhar, do respirar, daquilo que sou… tu com os teus gestos que puseste em mim e que eu fechei a sete chaves na minha memória, alimentas o meu ser…
Minha querida, há muito tempo que me deixaste-me sozinho, e no entanto continuas a dar-me vida, a fazer-me sonhar, sorrir… a amar-te...
Um bejio minha querida
música: Peter Gabriel - I Grieve
Sábado, 14 de Junho de 2008
E depois? E depois de tudo o que fica? Fica o que fomos? O que não fomos? O que podíamos ter sido? Ou fica o que mais me atormenta: o teu esquecimento de mim que ficou para sempre dentro de ti.
Será que fica a compreensão das palavras que foram ditas? Ou será que o que fica são apenas as palavras frias de dicionário, sem alma, sem interesse, quase sem sentido e ordenadas num esquema mecânico sem ponta de alma?
Será que o que fica foi uma nova era de mudança, um novo caminho para trilhar, uma nova esperança em nós, uma paixão elevada ao estatuto de liberdade de viver? Ou será que o que fica foi apenas e tão só alguns dias, meses, anos… encravados naquilo que alguns chamam de quotidiano.
Será que o que fica foi a descoberta do amor como sobrevivência? Ou será que o que fica foi a vida de quem tem a sensação que toda ela, vida, foi vivida… consumida naquele tempo?
Será que fomos únicos, no que foi vivido? Ou será que fomos iludidos por toda a alegria que trocamos?
Será que o que fica foi a partida para um mundo de eterna alegria por saber que estavas lá e que continuas dentro da minha alma? Ou será que o que fica foi um mundo de desgraça limitado á sobrevivência do corpo, já que toda a alma foi queimada num imenso calor de vida.
Será que o que fica foi uma certeza de vida especial? Ou será que foi um acaso que vai morrer em ti?
Será que a minha descoberta de ti foi o inicio da minha queda num abismo de dor por saber que não mais voltarás a mim? Será que essa queda será tão rápida que vou passar por esta vida sem a olhar de frente, tão só porque tu me cegas e á muito deixei de ver?
O que fica será “apenas” o grito amordaçado da vida? Ou será que o que fica em mim será um silêncio daquilo que um dia foi “a” Vida: tu.
O que fica, minha querida, é a certeza que te amei. O que fica, o que eu quero que fique, e ficará, será para mim a descoberta do meu amor por ti. Isso ninguém me pode tirar...
Um beijo…. S.
música: Coldplay - Trouble
Sexta-feira, 6 de Junho de 2008
Houve um tempo de sentimentos vividos que acabaram com toda a pacatez de quem nunca tinha amado até ali. Naquele instante foram postas em causa todas as formas de ver… foi um renascimento para a inocência e a ingenuidade que só o amor pode dar. Foram momentos tão intensos e capazes de gerar uma tão grande vontade de criar um futuro… foi assim que eu vivi esse tempo.
Neste agora, há tanta coisa que me leva a esse passado: uma música, um livro, um cigarro fumado, um cheiro, um local, uma dia no calendário, outras pessoas que se vão vendo… tudo isto me leva á tua lembrança… mas não a poder olhar para ti por uma ultima vez. É um passado que me faz sorrir porque estavas lá, e é desta forma que te trago comigo.
Á vezes pergunto-me: E se fosse á tua procura? Esta é a resposta que fica e que sempre será dada: Não, não posso, agora tudo é tão diferente, neste agora é tudo tão tarde de mais...
Adeus minha querida Elsa…
música: Simply Red - holding back the years
Quinta-feira, 5 de Junho de 2008
São palavras… apenas e só o que te posso dar. Nada mais resta. Não… minto. O que fica é a saudade de um tempo que foi mas que nunca mais será igual. De um tempo de sorrisos ficou um tempo de noite escura. De uma lua que amava e me levava até ti ficou a distância de uma palavra…de muitas palavras que podiam ter sido ditas…e que ficaram caladas dentro de nós… palavras que me intimidam, que me ferem num gesto atroz e sem cuidado… palavras que puseste dentro de mim mesmo sem nunca o saberes. Tu criaste-me, deste-me vida, levaste-me contigo… eu deixei-me ir, feliz… agora que te perdi arrasto-me numa desgraça que á muito sabia anunciada… por que te amava segui-te com a certeza que serias a minha doce perdição… amargura de vida esta…amargurado está o bocadinho do meu coração onde viverás para sempre. E por ocupares este bocadinho de coração não me vou entregar a mais ninguém como quanto me entreguei a ti e te dei tudo o que pensei ser só meu.
Um beijo minha querida.
música: Damien Rice - Cold Water