Nunca tanto foi tão importante como tu. Olhei o contorno das tuas costas, fixei o perfil do teu rosto, sorria com a forma como te sentavas, como pegavas na caneta e escrevias. Decorava cada pormenor da tua roupa. Naquele agora já sabia que ia recordar aqueles instantes, e tinha a certeza de que ficarias para sempre na minha alma. Sabia que iria sofrer, que até quem sabe nunca me irias entender… mas que importância isso tinha? Nenhuma. Eu tinha-te descoberto… sabia que nunca mais me iria separar de ti, e no entanto poderias esquecer-me. Nunca experimentara nada assim: sabia que estava perdido, mas ali encontrei tanta convicção e certeza, tanta vontade de te mostrar que eu, naquele instante mudava por ti. Percebi tudo o que tinha perdido até ali, fiquei feliz pelo que encontrei. Senti o teu cheiro, que iria ficar marcado
Agradeço-te, em silêncio, por isso.
" Um dia (...) acordarei entre os teus braços (...) e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
Um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for tão distante, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da nossa janela. Sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso será culpa minha,
porque eu acordarei nos teus braços e não direi nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar a perfeição da felicidade. "
in "a criança em ruínas" José Luís Peixoto
( Se tudo fosse tão perfeito como as palavras de um livro...
Se tudo fosse tão fácil de arrumar como um livro numa estante...)
Uma palavra. Uma palavra tua. Uma só palavra bastava para voltar. Deixar tudo e voltar. Uma palavra tua para voltar a ser eu. Uma palavra tua para voltar onde pertenço. Onde quero ficar. Contigo seria eu. Uma palavra para me salvares. Uma palavra tua apenas para te ver. Com uma palavra estremecia. Como quero uma palavra tua. Uma palavra que te lembre de mim. Que me leve a ti. Uma palavra tua para eu sorrir.
Mas só há silêncio. Não mais haverá palavras tuas.
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. Tratamento para esquecer ...
. A carta
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