A morte nada é.
Eu apenas estou do outro lado
Eu sou eu, tu és tu.
Aquilo que éramos um para o outro
Continuamos a ser.
Chama-me como sempre me chamaste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom da tua voz,
Nem faças um ar solene ou triste.
Continua a rir daquilo que juntos nos fazia rir.
Brinca, sorri, pensa em mim,
Reza por mim.
Que o meu nome seja pronunciado em casa
Como sempre foi;
Sem qualquer ênfase,
Sem qualquer sombra.
A vida significa o que sempre significou.
Ela é aquilo que sempre foi.
O ‘fio’ não foi cortado.
Porque é que eu, estando longe do teu olhar,
Estaria longe do teu pensamento?
Espero-te, não estou muito longe,
Somente do outro lado do caminho.
Como vês, tudo está bem.
Henry Scott Holland
Um Beijo Minha Querida
Escrevo-te porquê? Porque olhavas para mim e bastava olhares para mim para que eu estremecesse. Não chega isto?… se mais razões houvessem, e há, seriam porque a tua voz ecoa na minha cabeça rasgando o silêncio racional da minha (c)alma, os teus olhos azuis levam-me a ver-te… não a mulher que os outros viam, mas uma forma de arte na pessoa que me levou para fora de mim e me fez ver aquém das pequenas certezas erradas que até então tinha. Os teus gestos tocavam-me: um beijo na face á saída do autocarro, um pousar da tua mão sobre a minha na pizzaria. Gestos simples que, sinto, já esqueces-te mas que vão continuar a perdurar em mim. Também o som do teu sorriso, eu, todos os dias o vivo na minha eterna saudade por ti… O som do teu sorriso que me comprava a tranquilidade de saber que estavas feliz. Luto para que nada de ti se perca naquilo que apenas é agora o meu tempo. O que foi o nosso tempo extinguiu-se no ultimo gesto que me entregas-te para renascer na solidão da minha lembrança. Os gestos, só eu os recordo e os cultivo numa certeza de que o faço para poder cobrir a solidão da tua partida.
Existe dentro de mim uma fome do que era o teu ser, que me impele a recordar-te e que de forma alguma quero deixar fugir. É uma fome que se tornou parte integrante de cada órgão, de cada célula, da alma, do olhar, do respirar, daquilo que sou… tu com os teus gestos que puseste em mim e que eu fechei a sete chaves na minha memória, alimentas o meu ser…
Minha querida, há muito tempo que me deixaste-me sozinho, e no entanto continuas a dar-me vida, a fazer-me sonhar, sorrir… a amar-te...
Um bejio minha querida