Entretanto a vida continua perdida. A vida: um barco no meio de uma tempestade, mas sem saber ir ao sabor das ondas, fica ali: estanque, parado no meio do turbilhão. E as ondas batem e batem, quer virar, ir, sair do meio da agitação. Quer encontrar um porto de abrigo, mas tem a âncora agarrada pela violência do sufoco. Aquela tempestade mantém-no ali, não contra a sua vontade, mas porque quer. Não parte porque aquele mar é dele. Ele navegou-o, conhece os seus baixios, sabe onde a corrente é mais forte. Aquele mar soube-o levar. Deslizava pelas suas águas, quase voava, deixava-se ir na ondulação. Sentia o sabor do seu sal na sua proa. Foram feitos um para o outro: um barco no mar.
(Sete anos depois encontrei-te, continuas linda. Ver os teus olhos e lembrar-me de tanto... Nunca tive dúvidas, continuas a fazer parte de mim, da melhor parte de mim. simS continuo a amar-te desde o primeiro momento que me sentei junto a ti naquela aula de francês. Em muito tempo este foi o dia mais feliz... sabes o que é engraçado? toda a gente reparou no meu sorriso. Tanto tempo depois continuas a marcar-me. O texto em baixo foi escrito à algum tempo...)
Queria sair daqui e poder resgatar-te de quem te tirou de mim e seria como num conto de fadas. E fugiríamos para longe, e viveríamos errantes num hotel rasca, numa cidade suja em plena Índia, e apenas nos víamos um com o olhar do outro, e seríamos únicos, e a nossa fome seria de mim e de ti, e vestiríamos o calor dos nossos corpos num quarto imundo, e bebíamos da chuva do céu quando estivéssemos dentro de um comboio apinhado de gente a caminho do Nepal, e quando chegássemos com o corpo dorido da viagem cairíamos no colo que está à espera de mim e de ti num qualquer caminho poeirento, e ficávamos a olhar o céu protegidos na sombra um do outro porque até isso amamos, a sombra, e bastava, e subiríamos a um qualquer mosteiro perdido no tempo e no espaço e contemplaríamos o deus do amor, do nosso amor, e seríamos deuses idolatrados roubando crentes a todos os sentimentos, e a cegueira da angústia seria curada e veríamos por entre pessoas que apenas olham o chão e não usaríamos máscaras de representar porque o nosso amor nos purificou e…..Um dia vou voltar a ti e juntos continuamos a nossa história.
(Hoje, passados sete anos foi o dia. Apenas te olhei. mas hoje foi o dia)
Um beijo minha querida..
A morte nada é. Eu apenas estou do outro lado. Eu sou eu, tu és tu. Aquilo que éramos um para o outro Continuamos a ser. Chama-me como sempre me chamaste. Fala-me como sempre me falaste.Não mudes o tom da tua voz, nem faças um ar solene ou triste.Continua a rir daquilo que juntos nos fazia rir. Brinca, sorri, pensa em mim, Reza por mim. Que o meu nome seja pronunciado em casaComo sempre foi; Sem qualquer ênfase, Sem qualquer sombra. A vida significa o que sempre significou. Ela é aquilo que sempre foi.O ‘fio’ não foi cortado. Porque é que eu, estando longe do teu olhar, Estaria longe do teu pensamento?
Espero-te, não estou muito longe, somente do outro lado do caminho.
Como vês, tudo está bem.
Um Beijo minha querida
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